Entrevista Com Marcela Benvegnu

Em OFF com Marcela Benvegnu

Sensibilidade, estratégia e coragem. Esses três pilares parecem costurar a trajetória de Marcela Benvegnu, uma profissional que fez da dança não apenas sua carreira, mas um modo de existir no mundo. Entre codireção de grandes projetos, gestão cultural, estudos em psicanálise e uma vida dedicada à arte, Marcela transita com naturalidade entre o palco, os bastidores e a reflexão.

A codiretora do Congresso Internacional de Jazz Dance no Brasil

Ao lado de Erika Novachi, Marcela dá vida ao Congresso Internacional de Jazz Dance no Brasil — um projeto que já soma 18 edições e se tornou referência no país. “Eu só consigo olhar para o Congresso de forma compartilhada. É uma junção do que eu acredito com o que a Erika sonha e defende. As decisões, os acertos e até os tropeços são construídos em parceria. A codireção é corpo, pensamento e, acima de tudo, generosidade.”

Em 2026, o Congresso chega à maioridade. Um marco que reforça o desejo de continuidade e inovação para esse movimento que pulsa jazz, história e futuro.

A estudante de Psicanálise Clínica

A trajetória de Marcela não se limita à gestão ou à produção cultural. Seu olhar para dentro a levou à Psicanálise Clínica, formação que conclui em breve. “O processo terapêutico transformou minha vida. Aprendi a dar nome às emoções, aceitar a vulnerabilidade e ajustar rotas.”

Em suas consultorias para escolas de dança, ela percebeu que os maiores desafios não estavam nos números, mas nas emoções. Artistas, diretores e bailarinos frequentemente lidam com cobranças, perfeccionismos e dores internas. “É preciso cuidar da saúde mental com a mesma seriedade com que falamos de técnica e gestão. Quero estar nessa conversa.”

A superintendente de desenvolvimento institucional da Associação Pró-Dança

Desde 2021, Marcela ocupa o cargo de Superintendente de Desenvolvimento Institucional da Associação Pró-Dança, que gere a São Paulo Companhia de Dança e a São Paulo Escola de Dança. “É um trabalho que exige visão, estratégia e escuta. Mas, acima de tudo, é sobre transformação. Ver os projetos nascerem e ganharem corpo — seja na Companhia, seja na Escola — é profundamente gratificante.”

Ali, ela coordena comunicação, marketing, captação de recursos e o educativo. Entre relatórios, números e papéis, encontra espaço para criar e inovar. “Tem arte até mesmo na burocracia. Porque tudo é movimento.”

A artista

Apesar de todos os papéis que exerce, Marcela nunca deixou de ser, antes de tudo, uma artista. “Eu sinto antes de organizar, sonho antes de planejar. Se não dá certo de um jeito, tento de outro. A dança me ensinou sobre presença, entrega e ética. Não foi a dança que me escolheu, fui eu quem escolheu viver dela.”

Um caminho de persistência e escolha

Olhar para sua trajetória é enxergar uma linha contínua de coragem e reinvenção. Marcela é movida pela crença de que dançar é escolher — todos os dias — a arte como guia, como propósito e como forma de transformar vidas.

Inspirações como a de Marcela mostram que a dança vai muito além do palco: ela se reinventa em gestão, se fortalece na psicanálise, se expande em projetos e se mantém viva na alma de quem escolhe, dia após dia, viver pela arte.