Seja bem-vindo(a) ao nosso blog! No post de hoje, trazemos uma entrevista especial com Marcela Benvegnu, que compartilhou com a gente um pouco da sua trajetória, desafios e aprendizados no universo da dança. Confira!
CODIRETORA DO CONGRESSO INTERNACIONAL DE JAZZ DANCE NO BRASIL
Só sei olhar para o Congresso a partir de um olhar compartilhado. Para mim, ele é uma junção de tudo o que acredito, somado ao que Erika Novachi sonha e defende. É no entrelaço dos nossos propósitos, da nossa verdade, da nossa ética e do nosso afeto que, ano após ano, o Congresso ganha forma, respiro, inovação, caminho. As escolhas, as decisões, os rumos — e até mesmo os tropeços — são construídos em parceria. É um olhar que se divide e se soma. Que acolhe o que o outro vê. E é por isso que, quando olho para essa trajetória, vejo dois pares de mãos dadas. A minha codireção não existe sem a codireção da Erika.
Acabamos de desenhar a 18ª edição de um projeto que pulsa dança, história e desejo de continuidade. E mais uma vez me emociono. Porque, mesmo com tantas edições já vividas, há sempre algo novo — e profundamente nosso — que nasce no processo. Em 2026, o Congresso chega à maioridade. E ainda temos muito o que fazer por essa dança em que acreditamos, por esse jazz que sobrevive no corpo de quem o faz.
Tenho certeza de que o Congresso deu certo porque nos respeitamos profundamente e, sobretudo, porque nos admiramos. Ao lado do respeito essa é a base da nossa relação. Nada acontece sem o “sim” das duas — para contratar alguém, para escolher a cor de uma camiseta, para dividir uma palestra, uma viagem, uma bolsa. É tudo compartilhado, discutido, sentido. Desde o início, quisemos que o Congresso unisse teoria e prática, e acho que conseguimos lançar um movimento que carrega as raízes de quem veio antes.
Foi a Joyce Kermann foi quem começou a trazer nomes do jazz internacional para o Brasil na década de 80. Hoje acho que nós damos continuidade ao nosso modo, para esse movimento.
A codireção do Congresso é uma construção viva. É corpo, é pensamento, é generosidade. E, acima de tudo, é parceria.
A ESTUDANTE DE PSICANÁLISE CLÍNICA
Escolhi fazer a formação em Psicanálise Clínica porque sempre acreditei na potência do olhar para dentro. O processo terapêutico transformou a minha vida. Foi através dele que consegui compreender sentimentos, dar nome às emoções, ajustar rotas e, acima de tudo, aceitar minha vulnerabilidade.
Sou pós-graduada em Gestão de Negócios com foco em Competências Comportamentais pelo Business Behavior Institute, de Chicago. Estudo gestão há algum tempo, atendo projetos e realizo consultorias — especialmente para escolas de dança. E em 99% dos casos, percebo que os desafios não estão nos números, mas nas emoções. A maioria dos diretores é formada por artistas — sensíveis, potentes, apaixonados — mas que, muitas vezes, não foram preparados para gerir seus próprios desejos. E os bailarinos, por sua vez, muitas vezes se cobram por uma perfeição quase inatingível, o que os machuca profundamente. É preciso estar de bem com o corpo, com a mente, com o ego.
E que bom que vivemos um tempo em que a saúde mental começa a ser tratada com a mesma seriedade com que se fala de técnica, arte e gestão. Eu quero estar nessa conversa. Concluo minha formação no fim deste ano, e em 2026 já posso começar a atender — com escuta, entrega e uma profunda vontade de ajudar. Esse é meu novo caminho a longo prazo. Um espaço onde corpo e mente possam se encontrar. Onde o movimento interno é tão importante quanto qualquer coreografia.
A SUPERINTENDENTE DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL DA ASSOCIAÇÃO PRÓ-DANÇA
Quando olho para a minha trajetória, para o desenho da carreira que sonhei penso: deu certo! Vivo 100% de dança e com dança. Sempre foi o que desejei, embora nem sempre tenha acreditado ser possível.
A São Paulo Companhia de Dança é a minha casa. Foi ali, que eu cresci e entendi o que era viver de dança profissional. Entendi esse universo e sigo aprendendo, diariamente. Entrei na Companhia em 2009, fiquei oito anos. Saí por três ano e meio, fui ganhar o mundo. E desde 2021, assumi a superintendência de desenvolvimento institucional, tanto da SPCD, quanto da São Paulo Escola de Dança, ambas foram criadas pelo Governo do Estado de São Paulo e são geridas pela Associação Pró-Dança, uma Organização Social de Cultura e são dirigidas pela Inês Bogéa, a qual eu tenho muita gratidão. Temos ideias que se complementam, e ela me dá liberdade para criar, inventar e propor. E eu preciso disso — desse respiro entre os papéis, os números, os relatórios. Tem arte nesse hiato todo. Tem criação mesmo no meio da burocracia.
Na superintendência, estão sob meu guarda-chuva a comunicação, o marketing, a captação de recursos e o educativo. É um trabalho que exige visão, estratégia, escuta. Mas, acima de tudo, é sobre transformação. Ver os projetos nascerem e ganharem corpo — seja na Companhia, seja na Escola — é profundamente gratificante. Também preciso dizer que tenho uma equipe diversa, comprometida e potente, que constrói junto e que acredita, e isso já é grande parte do caminho.
Eu sou muito grata pelo que vivo ali. Eu conheci parte do mundo, estive ao lado dos mais incríveis coreógrafos, vi montagens que nunca veria ao vivo, escrevi textos, fiz entrevistas memoráveis, fiz amigos para vida e, sobretudo, vejo dia a dia pessoas das mais variadas idades tendo contato com a dança pela primeira vez e tendo suas vidas transformadas. Sempre penso, qual será o nosso próximo movimento? Não tem como não ser movido diariamente por esse impulso, por esse desejo de fazer ainda mais dança.
A ARTISTA
Sou uma pessoa que olha para a vida com sensibilidade, mas também com estratégia. Eu sinto antes de organizar, sonho antes de planejar, crio os mais diversos cenários e sou extremamente persistente. Se não dá certo de um modo, pode dar de outro. Eu vou tentar. Vou arriscar. Essa minha “cultura das bordas” me faz chegar aos mais variados lugares e essa vontade de realizar, me move.
A arte está nas escolhas que fiz, nos caminhos que criei, nas histórias que vivi — e, sobretudo, na forma como vejo o mundo. A dança me ensinou sobre presença, escuta, entrega. E é a partir dela que sigo. Com coragem, afeto, verdade, ética e propósito, que são valores inegociáveis. Sou muito grata pelas experiências, pelas rotas, pelos encontros e por tudo o que vivo. Eu sempre quis estar pronta para a hora certa. Não é sorte. É o encontro da paixão com o trabalho. E sigo assim: estudando, me preparando, me reinventando. Não foi a dança que me escolheu. Foi eu quem escolheu viver de dança. Eu escolhi viver da arte que me move.
Esperamos que este conteúdo tenha sido útil para você! Continue nos acompanhando para mais dicas, informações e inspirações. Até o próximo post!